Ghost of Yotei : Não é sobre vingança
Será que o Ghost of Yotei tem mais oferecer do que matança desenfreada, sangue e vingança?

Não é surpresa que os jogos da Sucker Punch brilham em sua beleza, combate e vivacidade. E que essa é uma das suas marcas registradas, mas será que o Ghost of Yotei segue essa receita? ou melhor dizendo será que ele segue a risca a história da sua protagonista Atsu e sua busca por vingança. É o que iremos debater a seguir.
História
Ghostei of Yotei se passa em 1603, na região de Ezo no Japão e é ambientado 300 anos após os eventos do Ghost of Tsushima. Atsu é a protagonista do jogo, uma mercenária errante (rõnin) que assume o papel de “fantasma” (onryõ),isso porque sua família foi assassinada quando criança por Saito e os Seis de Yotei (Yõtei Six) e ela busca vingança através dessa nova mascara.
Contudo mesmo que inicialmente o jogo pareça linear e se foque bastante nas motivações da Atsu e porque ela busca vingança e como ela pode ser “sanguinária” e impiedosa, ao abrir o mapa e ampliar as possibilidades vemos que o jogo tem muito mais que apenas sangue, vingança, mortes e muito ódio guardado. Claro que isso depende das escolhas do jogador, já que dá sim para só seguir direto para os objetivos e matar os Seis de Yotei, mas isso seria um pouco de desperdício visto tudo que o jogo tem a oferecer.
Beleza no jogo
Um dos pontos altos do jogo é a sua BELEZA, seus cenários, locais, memórias do passado (nem todas são desgraçadas e sofridas), e todos acompanhados de detalhes, conversas leves e divertidas, e principalmente de muitos locais belíssimos. Sejam cachoeiras, campos, plumagem lindas de flores, o próprio monte Yotei e florestas nebulosas. Esses locais e momentos tão naturais criam uma leveza na história fazendo um contraste com a vingança da protagonista.
Não apenas isso a Atsu por ser uma mulher bem selvagem, desde pequena ela já tinha uma ligação forte com os animais e a natureza, sendo sempre livre e respeitosa. E por conta disso podemos ter vários momentos de interação dela com lobos (que se tornam uma “ajudinha”), raposas, pássaros, cães e cavalos não apenas engradecendo ela como personagem, como também deixando o mundo de Ghost of Yotei mais vivo. Mostrando que apesar da vingança ela ainda não se cegou para os pequenos prazeres e alegrias da vida, ela ainda sente.

As mecânicas passam essa mesma ideia, permitindo esses momentos de respiro para a protagonista, onde ela pode sentar, parar e contemplar o ambiente. Uma das mecânicas mais interessantes que demonstram isso é quando a Atsu toca o shamisen, mostrando que esse mundo existe beleza e que ela valoriza essa beleza e esses momentos. Sendo com NPCs ou sozinha, é um momento para se apreciar e cultivar. Cozinhar também cria vínculos com outros personagens, e pintar é o ato de contemplação máxima daquele cenário, transformando paisagem em arte.
Conclusão
Por isso que Ghost of Yotei não se trata apenas de um jogo de VINGANÇA, e sim um jogo que fala sobre beleza, sobre parar para aproveitar, respirar, sentir o vento, tocar a água, apreciar a companhia das pessoas e dos animais. E que apesar da perda ter tirado muito da Atsu, não é apenas isso que a move, que não contemplar tudo isso, seria uma grande perda, talvez ainda mais que a sua família. A vingança move a história, mas é a beleza que enche os olhos do jogador.






