The Witcher | Entenda a origem e ambientação da série da Netflix
A Netflix finalmente divulgou a primeiras fotos da sua adaptação de The Witcher, apresentando o visual de Geralt (Henry Cavill), Yennefer (Anya Chalotra) e Ciri (Freya Allan). Considerando que muitos conheceram a franquia através de The Witcher 3: Wild Hunt, alguns detalhes do projeto podem causar um certo estranhamento – e é por isso que vale a pena entender mais sobre o material que será adaptado: os livros de Andrzej Sapkowski.
O bruxo caçador de monstros tornou-se um nome conhecido nos videogames ao protagonizar a trilogia de RPG da CD Projekt RED com Wild Hunt (2015), sendo considerado um dos melhores e mais populares jogos recentes – mas a história do Lobo Branco não começou aí. Na verdade, ela teve início no frio brutal do Leste Europeu, durante os anos 1980.
Raízes polonesas
Por mais que a vida não fosse fácil sob o comunismo, a Polônia – assim como a Rússia – tinha público para tramas de fantasia e ficção científica, tendo sido berço para clássicos como Solaris, obra de Stanislaw Lem de 1961. Com leitores interessados, surgiu em 1982 a revista Fantastyka, inteiramente dedicada à literatura de gênero. Como era publicada mensalmente, a equipe editorial costumava abrir diversos concursos de escrita para autores amadores – e foi ai que Geralt deu as caras pela primeira vez.
Publicado originalmente em 1986, o conto de Andrzej Sapkowski era batizado apenas de “Wiedźmin” (ou “O Bruxo” em tradução livre), e trazia uma ambientação um pouco mais cínica e pé-no-chão do que as jornadas épicas imortalizadas por J.R.R. Tolkien. Por exemplo: tratava-se de um mundo medieval como qualquer outro, mas repleto de humanos traiçoeiros e movidos em função de seus próprios interesses – e também infestado por criaturas, essas inspiradas pelo rico folclore eslavo. O autor não era tão chegado assim na ideia do homem comum enfrentando monstros: “Sapateiros pobres não matam monstros”, afirmou ao Eurogamer sobre outros contos populares da época. “Soldados e cavaleiros? Geralmente são idiotas. E padres só querem dinheiro e transar com adolescentes. Então quem mata monstros? Profissionais. Você não contrata um aprendiz de sapateiro para fazer seus sapatos, você contrata um profissional. E então eu inventei o profissional para matar monstros.”
O conto publicado não venceu o concurso da revista, mas criou uma legião de fãs interessados na jornada deste profissional. Sapkowski então passou a escrever mais e mais histórias para Geralt ao longo da década de 1980, apresentando novas situações desafiadoras e personagens, com algumas dessas até mesmo sendo adaptadas para os quadrinhos. Mais tarde, essas tramas únicas – ambientadas sempre no mesmo universo – foram reunidas em duas coletâneas: O Último Desejo e A Espada do Destino. Esse é o ponto de partida para entender a série da Netflix.
A ambientação televisiva (e a diferença com os jogos)
A showrunner Lauren S. Hissrich (Os Defensores) já deixou claro que o projeto adaptará as origens da franquia, portanto a trama trará o bruxo vagando pelo mundo ao lado de sua égua Plotka e, seu melhor amigo, o bardo Jaskier. Parte da natureza do protagonista é como ele atende as várias camadas da sociedade, então isso o coloca tanto para realizar contratos para vilas atormentadas por monstros, ou até serviços para delicados para a realeza, como mostrado nos contos “O Bruxo” e “Uma Questão de Preço”. Além de personagens recorrentes, raramente há uma conexão maior entre essas pequenas histórias – mas o próprio Sapkowski mais tarde as contextualizou como parte do passado do bruxo, citando-as frequentemente enquanto a trama continuava de forma recorrente ao longo de cinco romances, todos publicados durante a década de 1990 no país europeu.
É certo que o programa pegará muito dessa trama contínua, inserindo as aventuras isoladas em meio à jornada de Geralt para cuidar de Ciri, unida a ele pelo destino após ajudar a rainha de Cintra em um contrato. Essa premissa já é mais familiar aos jogadores de Wild Hunt, que serve como uma continuação dos livros, mas é preciso entender que há grandes diferenças entre os games e o material-base – sendo a maior delas que os livros, especialmente os contos de O Último Desejo, se passam quase 30 anos antes do jogo de 2015.
Assim, muito do que é conhecimento básico para jogar a conclusão da trilogia serão grandes revelações para os espectadores da série, como a origem de Ciri, a relação entre Geralt e Yennefer, a presença da Caçada Selvagem e muito mais. Portanto, para quem já é experiente no jogo, o seriado (e, claro, os livros) serve como um bom complemento narrativo para conhecer melhor o bruxo, e também descobrir personagens apenas citados na outra mídia, como Cahir, Milva e muitos outros.
A série de TV de The Witcher terá oito episódios e é esperada ainda para 2019.