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O novo game está disponível em todas as plataformas e custa R$ 149,90.

Os fãs de games de ação e plataforma dos anos 80 e 90 estão vivendo um período glorioso em pleno 2025! Além de um cenário indie totalmente consolidado, cheio de games de peso (nesse momento, Hollow Knight: Silksong já está entre nós, obliterando as grandes publishers com um preço acessível e conteúdo de extrema qualidade), temos o ressurgimento de duas franquias baseadas em temáticas ninja extremamente famosas nos nossos períodos mais saudosos: Ninja Gaiden e Shinobi. Neste texto, focaremos em Art of Vengeance, lançamento da Lizard Cube, desenvolvedora de Streets of Rage 4, com a chancela da Sega, dona dos direitos das aventuras de Joe Musashi.

A empresa já mostra, logo de cara, que não foi escolhida para tais jogos à toa pois, assim como com o “briga de rua” mais famoso dos videogames, sua talentosa equipe conhece o ninja Musashi tão bem a ponto de criar uma nova experiência sem nos distanciar dos originais. AoV é novo e, ao mesmo tempo, familiar, trazendo uma nova roupagem à exploração, ao sistema de combate, mas mantém figurinhas carimbadas, como kunais, ninpos , wall jumps, entre tantas coisas boas que consolidaram a série ao longo dos anos!

Uma história que precede clássicos como Shadow Dancer

Para não entrar muito no terreno dos spoilers, para que você tenha sua própria experiência com o game, temos Musashi e sua esposa Naoko, que está grávida de Hayate, protagonista de Shadow Dancer: The Secret of Shinobi, clássico absoluto do Mega Drive. Junto a eles, o cachorro Yamato, companheiro de Hayate no spin-off, também dá as caras, e terá um papel muito legal ao longo da jornada, sendo “veículo” em uma das fases.

O game é uma grande homenagem aos títulos anteriores da franquia, mas cheio de novidades visuais e mecânicas.

O clã de Musashi, Oboro, é atacado pela ENE Corp, liderada pelo Lorde Ruse, que planeja exterminar o clã e dominar o mundo. Típico de filme de ação oitentista, né? Dado isso, Musashi, nosso shinobi obstinado, vai proteger sua patroa e seu clã, custe o que custar!

Streets of Rage 4 serve de base para a direção de arte de Shinobi

Como dito anteriormente, a Lizard Cube já havia trabalhado com a Sega em Streets of Rage 4, e abdicou da pixel art em prol de um visual mais cartunesco e, ainda assim, totalmente nostálgico. Shinobi bebe da mesma fonte, porém, é levado ainda mais ao extremo, uma vez que sua dinâmica é muito mais frenética, exigindo cenários ainda mais vivos e mais elaborados. Você passa por vastas campinas, prédios, castelos, laboratórios, utiliza veículos como a famosa prancha motorizada de Shinobi III para atravessar um rio, e tudo é muito lindo, fluido, com várias camadas de paralaxe, praticamente extrapolando a experiência de jogo 2D. Os mais desavisados podem achar que se trata de um 2,5D, mas não, é tudo traço, talento, beleza, paixão!

Apesar das temáticas diferentes, a direção de arte se mantém nos dois títulos de peso da Lizard Cube.

Existe um cuidado muito grande dos desenvolvedores em passar uma ambientação moderna, contemplativa, sem ignorar as origens, e isso agrega muito valor ao jogo. Tanto fãs hardcore do passado, como a nova turma dos indies/metroidvanias se sentirão respeitados do início ao fim da jornada. 

O game conta com 14 fases, divididas em blocos, permitindo ao jogador variar a ordem de algumas delas, adicionando variedade à gameplay. Também existem três fases de transição, geralmente com “veículos” (Yamato e a prancha, no caso), em homenagem direta aos jogos de Mega Drive. Nem todas as fases são ao melhor estilo metroidvania, algumas delas são lineares como os clássicos de ação/plataforma, mantendo-se muito interessantes, ainda assim.

Enfim, podemos dizer que existe hack and slash 2D!

Para quem é fã da franquia Devil May Cry, da Capcom, já deve estar cansado de ver pessoas descrevendo todo tipo de jogo de progressão com armas cortantes como sendo hack and slash, gênero do qual DMC é patrono. Porém, até o lançamento de Art of Vengeance, tal nomenclatura não poderia ser mais equivocada. Golden Axe, outro jogo histórico da Sega, é um beat’em up, um “briga de rua”. Não é porque o game tem espadas, machados, lanças e afins que se trata de um clone de DMC. Falta um sistema de combos complexos, variação de armas, ritmo bastante acelerado etc. Mas, pela primeira vez, eu vejo um game 2D que traz tamanha maestria em seu combate e, sem perda de generalidade, podemos dizer que AoV é um exemplar 2D de um hack and slash!

Você conta com dois botões de golpe (fraco e forte), um botão para kunais, um botão para esquiva/dash, pulo, um planador e um gancho. Suas habilidades podem ser melhoradas ao longo da jornada comprando golpes especiais, encontrando habilidades enquanto explora os grandes mapas das fases. Há também ninpos e ninjutsus que você carrega enquanto faz grandes combos enfrentando hordas de inimigos, e o mais legal de tudo, é que você pode fazer combinações gigantescas, garantindo combos enormes, utilizando todo o arsenal de botões que Musashi dispõe em seu favor! Tudo é muito divertido, você vai se pegar tentando explorar novas sequências de golpes e, assim como em SoR4, o inimigo vai ficar no ar por muitos segundos se você dominar o timing dos combos!

Yuzo Koshiro & Tee Lopes, uma dupla de bom tom

Para a trilha sonora do game, Koshirão da Massa, o Mago dos sintetizadores, faz companhia a Tee Lopes, compositor experiente com larga quilometragem, principalmente em games da franquia Sonic. Nem é preciso falar que a trilha dispensa comentários, no entanto, acho que esse é o ponto menos interessante do jogo, apesar de eu ter achado espetacular. Tudo no game é tão meticuloso e soberbo, que a trilha parece ser um ponto fraco, mas não se engane. As trilhas tem ótima variação, tanto de tema quanto de dinâmica, correspondendo perfeitamente aos momentos do game. Quem comprou a versão de luxo do jogo tem a oportunidade de desfrutar da OST fora do game!

O luso-americano e o lendário compositor japonês se juntam para dar o tom dessa nova aventura.

Jogar, rejogar e explorar!

Dada toda essa receita, o que nos resta fazer é jogar até cansar. Acredite em mim, isso não acontecerá tão cedo! Com todos esses ingredientes juntos, aliados a uma grande variação de inimigos, habilidades e vastidão dos cenários, não será incomum que os jogadores tentem fazer 100% do jogo, vasculhando até o último canto do mapa. Cada habilidade tem uso para abrir novas áreas, obrigando os jogadores mais exigentes a voltarem nos mapas anteriores em busca de habilidades novas, dinheiro para comprar upgrades, passagens secretas, minigames e coletáveis. Mais uma vez, tudo de forma muito fluida e orgânica.

A nova tônica na exploração baseada no gênero metroidvania adiciona uma gama enorme de possibilidades, prolongando a experiência, enriquecendo o fator replay do jogo.

Em geral, não achei a dificuldade do game alta, mas nada impede o jogador de tentar dificuldades mais altas. Além disso, ao terminar o game no modo história, você abre o modo arcade, e também a boss rush. Tenha certeza, são muitas horas de gameplay para cobrir tudo, muito além da média de 10h para terminar o game base. E ainda teremos expansões para o jogo, garantindo muitas e muitas horas de diversão, um prato cheio.

Veredito: 9/10

Saia desse review sabendo que está perdendo tempo ao não explorar essa pérola, acessível tanto a veteranos quanto a novatos. Você não vai se arrepender, valerá cada centavo investido, e está disponível em todas as plataformas (PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series, Nintendo Switch, PC). Vá jogar!

Requisitos mínimos (PC):

  • Windows 10 (64 bits);
  • Intel Core 2 Quad Q9400/AMD Phenom II X3 720;
  • 6 GB de RAM;
  • GT 730/R7 240 com 2 GB VRAM;
  • 20 GB de espaço em disco.
Confira parte da gameplay/análise do game feita em meu canal de lives.

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