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Seja horizontal, vertical, 2D ou 3D, um shmup é sempre uma escolha de bom gosto!

Shoot’em ups, shmups, STG ou “jogo de navinha” é um gênero muito aclamado pelos jogadores veteranos, que iniciaram suas carreiras entre 30 e 40 anos atrás nos fliperamas das grandes cidades, em geral. Mesclando belo level design, trilha sonora envolvente, temática futurista e elementos de jogabilidade criativos e interessantes, constituem a pedra fundamental da história dos videogames, sendo o primeiro gênero de jogo a se massificar na comunidade gamer, produzindo inúmeros clássicos icônicos ao longo dos anos 80 e 90.

Minha intenção nesse texto é expor meu apreço pelo gênero, e sugerir games que possam cativar você, leitor, revisitando títulos ou conhecendo jogos pela primeira vez. Shmups, em geral, intimidam pela dificuldade, mas cativam pelo conjunto da obra, de forma que os jogadores mergulham no gênero justamente por essa combinação, sedutora e fatal, que os laça para sempre! Não se trata de uma lista de top 10, são apenas sugestões, sem ordem, para que você se permita (re)conhecer games do estilo. Outro detalhe: apenas versões para consoles, nenhuma sugestão dos arcades.

1) MUSHA (Mega Drive – Compile, 1990)

Na minha humilde opinião, trata-se do melhor jogo de nave do Mega Drive. Feito pela Compile, configura parte da série Aleste, carro-chefe da empresa. Inclusive, no Japão, o game é conhecido por Musha Aleste, recebendo a sigla MUSHA (Metallic Uniframe Super Hybrid Armor) apenas na versão americana.

É um shmup vertical em que você pilota um mecha por sete estágios, sempre enfrentando um midboss e um chefe de fase. Os cenários são os mais variados possíveis, desde o espaço, bases, sobrevoando áreas verdes e urbanas, com uma beleza visual poucas vezes vistas para um jogo com essa idade.

A trilha sonora é o mais puro suco de heavy metal, inclusive, sendo muito comum encontrar releituras de fãs do jogo, utilizando guitarras. Só consultar o YouTube, e você verá quilos e mais quilos de vídeos de covers de MUSHA!

O desafio é bom, iniciantes vão gostar do game, por não ser muito punitivo. Armas primárias, secundárias, drones de auxílio, um arsenal de respeito para aqueles que vivem o papel de Ellinor (Eleanor nos EUA), a piloto do mecha Aleste!

2) Axelay (Super NES – Konami, 1993)

A boss battle in Axelay against an alien creature on the wall of a cavern.

O SNES não é tão louvado por sua biblioteca de shmups, porém, possuim vários títulos, dentre ports de arcade e originais. Ao meu ver, Axelay é o melhor dentre eles, por aspectos que passam pelos principais ingredientes de um bom shmup: visual, direção de arte, trilha sonora e gameplay.

Mesclando estágios verticais e horizontais, ao melhor estilo Salamander, possui seis fases incríveis, que fazem o hardware do Super Nintendo gritar de euforia. O que acho mais interessante, no entanto, é o efeito do Mode 7 nas fases verticais, que fazem o efeito de curvatura do planeta, dando a tônica da aventura.

As músicas são muito marcantes (a da última fase, em específico, é simplesmente absurda), combinando perfeitamente com cada cenário. O jogo vai te oferecendo grande variedade de armas conforme se progride nos estágios, e a dificuldade é muito boa para um game do gênero!

3) Gradius Gaiden (PlayStation – Konami, 1997)

Gradius surgiu nos arcades oitentistas, e se tornou um grande ícone, tanto do estilo como da história. É a franquia responsável por popularizar o famoso “Konami Code” (se você joga videogame há trinta anos, e não conhece, sugiro internação), entre tantos outros elementos que praticamente todos os games a seguir se basearam. Porém, a melhor versão de um game da franquia, para mim, é o exclusivo de PlayStation, Gradius Gaiden.

Agora, combinando elementos de games anteriores da franquia com a arquitetura do PlayStation, temos o mais puro suco de Gradius aliado a elementos 3D em tela, modo multiplayer, fazendo com que seja a experiência mais satisfatória da franquia, em minha opinião. É a perfeita transição entre o passado e a modernidade (falando de retrogaming, é claro), agradando a quem cresceu nos fliperamas e atraindo novos jogadores.

4) Dariusburst: Chronicle Saviours (PlayStation Vita – Pyramid, 2015)

A famosa franquia da Taito, conhecida pelos “bacalhaus metálicos”, grandes naves em formato de peixes e crustáceos, possui muitos exemplares de peso entre os anos 80 e 2000. Muitos enxergam Darius Gaiden como o expoente da franquia. Porém, serei um pouco diferente, sugerindo o último game da série, Chronicle Saviours, lançado para várias plataformas. Porém, é no PlayStation Vita onde eu mais gosto de jogar.

Dariusburst CS é uma compilação de vários games em um só, desde os arcades de Dariusburst e a versão de PSP. O resultado é uma combinação praticamente infinita, com o famoso modo arcade onde você escolhe as rotas até a fase final (jogadores de OutRun sabem bem do que estou falando), e um modo de desafios, com praticamente 200 fases!

A Taito também aproveitou para “farmar” uma grana, e lançou inúmeras DLCs de naves licenciadas de outras franquias, sejam da própria Taito, ou de empresas como Cave, Sega e Capcom. Você pode utilizar essas naves em um terceiro modo, deixando o fator replay, que já era imenso, ainda maior! Cada nave mantém suas características originais, deixando ao jogador a árdua tarefa de dominar cada aspecto, o que deixa o game muito divertido!

Para variar, lendária banda Zuntata assina a trilha sonora do game, com remixagens e composições que homanageiam os clássicos de forma magistral. Uma obra prima.

5) Soldier Blade (PC Engine – Hudson Soft, 1992)

Eu não conheço muito sobre a história do PC Engine, além do senso comum sobre ser o primeiro sistema a possuir add-on de CD-ROM², entre tantas outras coisas citadas pela comunidade retrogamer. Porém, o que sei, é que se trata de uma das mais incríveis máquinas de shmups que já existiram, com centenas de exemplares em sua biblioteca. Nessa lista, separei um jogo em HuCARD, o sistema barato de cartões, em competição com os cartuchos de NES, Master System e Mega Drive, e outro em CD-ROM², o sistema de discos. Nos exemplares de cartão, com certeza, Soldier Blade é o expoente. O considero, inclusive, o melhor jogo em cartão da plataforma.

Soldier Blade faz parte da icônica franquia Star Soldier tendo, além desse, outros antecessores como Super Star Soldier e Final soldier. Todos são games incríveis, mas esse se destaca demais dos seus parentes. O game usa e abusa do melhor que o PC Engine tem a oferecer, com sua CPU de 8-bits e suas PPUs de 16-bits em paralelo, apresentando um jogo lindo, rápido, viciante, com bom desafio e com uma das melhores direções de arte que eu já vi em um jogo de nave antigo. É perfeito para as famigeradas tentativas de 1CC/1LC (terminar com um crédito ou com uma vida, respectivamente). Um dos melhores da lista, sem sombra de dúvida!

6) Nexzr (PC Engine Super CD-ROM² – Inter State, 1993)

Se, na sugestão anterior, o exemplar de PC Engine foi um jogo de cartão, Nexzr é um jogo em CD. E, um jogo de videogame 8 bits em um CD com 700 MB de espaço proporciona muitas, mas muitas possibilidades!

Para iniciar, temos uma história em um jogo de nave! Não somente implícita nos cenários, como é comum do gênero, mas sim expressa através de cutscenes de início, batalha de bosses, assim como o próprio final do game. O pessoal da Inter State mandou muito bem, trazendo um clima à la Star Wars, em um contexto de libertação de um povo oprimido por uma espécie de federação galática.

A gameplay é maravilhosa, e bem simplista. Não existem bombas, típicas de games do estilo, mas apenas um botão de tiro. Contamos com upgrades de tiro principal e secundário, que são disparados com apenas um botão. Não é difícil acumular vidas, porém, você volta um bom pedaço da fase ao morrer, ao melhor estilo Truxton.

A direção de arte é soberba, com gráficos lindos, tanto dos modelos das naves quanto do cenário. As músicas são das melhores que já ouvi em um jogo de nave, fazendo muito bem o uso do áudio de CD. É uma experiência sublime no console da NEC!

7) Aleste 2 (MSX-2 – Compile, 1989)

Como grande parte dos brasileiros, ainda mais os que nasceram na segunda metade da década de 80, o MSX, famoso computador japonês, ficou conhecido como uma máquina excelente para jogos. Para muitos, trata-se do melhor sistema 8-bits já concebido, existindo em várias versões (MSX, MSX-2, MSX-2+, MSX-Turbo R), fazendo a alegria de muitos fãs ao longo do tempo. Como qualquer sistema oitentista, bons shmups para ele não faltam, como é o caso de Aleste 2.

Obra prima da Compile (já mencionada no primeiro game da lista), trata-se de uma incrível jornada, com os típicos ingredientes da série. O jogo se adapta à forma com que você joga, podendo se tornar bem mais difícil do que o de costume. Porém, com um fator replay impressionante, garante ao jogador muitas e muitas horas de diversão, desafio e variações de estilo de jogo, permitindo que jogadores ativos e reativos consigam lidar com o game de forma satisfatória.

A parte audiovisual dispensa comentários, com lindos gráficos, cenários, efeitos sonoros brilhantes e músicas icônicas. Se você não conhece, deve experimentar. Vá jogar!

8) Crisis Force (NES – Konami, 1991)

Se alguém me pedir para elencar um jogo de Nintendinho que não se pareça em nada com um jogo do console, eu com certeza indicaria Crisis Force. O game foi lançado já com o Super Nintendo em vida, e isso significa uma coisa: a galera da Konami já dominava o hardware do NES de cabo a rabo!

Música linda, jogabilidade cheia de velocidade, upgrades, tipos diferentes de tiros, especiais, cenários belíssimos e variados, música com selo Konami de qualidade. Tudo isso você vai encontrar nesse game que, para mim, é o melhor da plataforma. Não considerem um exagero, é um expoente de sua época, ainda mais considerando o poder de fogo do Nintendinho, que já estava dando adeus à cena mainstream. Um dos melhores da lista, sem sombra de dúvida.

9) GG Aleste 3 (Game Gear – M2, 2020)

Um game de 2020 para um videogame dos anos 90? Sim, é isso mesmo!

Os poucos sortudos que tiveram um Game Gear nos anos 90 puderam jogar dois shmups lindíssimos da Compile: GG Aleste 1 e 2. Conhecidos pelas bandas ocidentais como Power Strike, os games abusavam da versatilidade e poder do Game Gear (e isso não contém ironia, o portátil tinha uma paleta de cores comparável a consoles de mesa, por exemplo), perdendo apenas para o consumo energético das seis pilhas simultâneas do bólido.

Lançada a coletânea da M2, em 2020, tivemos o lançamento do terceiro game, com versão de consoles modernos, assim como a versão para o finado, mas imortal, portátil-nuclear da Sega. O que era perfeito ficou ainda mais belo, jogabilidade refinada, músicas ainda mais inspiradas, é um game retrô com um tratamento todo moderno. Merece uma salva de palmas, mas a gente lembra que é da M2, então tudo se faz entender. Chamar os caras de “bons” soa até ofensivo, visto o que eles tem feito nos últimos 20 anos, principalmente com reboots e compilações.

10) Radiant Silvergun (Sega Saturn – Treasure, 1998)

Lá no início do texto, tinha dito a você que essa lista não tinha ordem. Porém, no entando, todavia, contudo, deixei a cereja do bolo para a última parte, o grand finale para quem se dedicou a essa jornada de top 10!

Lançado em 1998 para o arcade Sega Titan Video, ou ST-V para os íntimos, Radiant Silvergun configura o shmup mais incrível de todos os tempos, na minha humilde opinião. Obviamente, nessa lista, estou falando da versão de Sega Saturn, a versão doméstica do ST-V, console extremamente injustiçado no ocidente, muito devido à própria incompetência da Sega.

O game conta com o selo da Treasure, empresa já conhecida por clássicos atemporais como Gunstar Heroes, Guardian Heroes, Alien Soldier, Mischief Makers e outros tantos games incríveis que precederam e sucederam Silvergun. Trilha sonora mais marcante que já ouvi em um jogo do estilo, gráficos que abusam do poder inexplorado do Saturn, variedade de tiros e de estratégias que tornam a experiência quase ilimitada. Uma história que faz RPG sentir inveja, e uma dificuldade simplesmente brutal. Eu jogo o game há quase trinta anos, e nunca consegui terminá-lo com o tão famigerado 1CC (1 credit clear, terminar com apenas uma “ficha”) sem escolher as dificuldades easy e very easy, e no modo história, onde os níveis dos tiros vão acumulando de uma jogatina à outra.

Trata-se do expoente do gênero, ao meu ver, e o jogo mais atemporal dessa lista. Uma maravilha tecnológica, uma obra de arte, e quase uma ciência, para os jogadores mais dedicados. Hoje você ainda tem a sorte de encontrar o game em praticamente todas as plataformas possíveis. Na verdade, a sorte é nossa!!!!!

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