Manifestantes em Porto Alegre vaiam hora de posse de Lula

Com uma grande vaia, os manifestantes que fazem protesto desde o começo da manhã em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal na avenida Ipiranga, em Porto Alegre, reagiram à notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava tomando posse na Casa Civil em Brasilia. Passava um pouco das 10h30, e o puxador no alto do caminhão de som avisou: “Neste momento, Lula, o maior chinelão e canalha da historia do Brasil está tomando posse como ministro. É uma vergonha”.
O protesto começou com pouco mais de 30 pessoas, às 9h, e foi ganhando mais participantes. A Brigada Militar estimou que o ato somava mais de 300 pessoas no fim da manhã. A BM chegou a deslocar homem do pelotão de choque. Segundo o comandando do Batalhão da Polícia Militar, Kleber Goulart, a intenção foi garantir a segurança e tranquilidade do protesto. “A ideia é manter a avenida liberada, pois a Ipiranga é uma ligação importante para outras regiões”, disse Goulart.
Mas os manifestantes não se continuam. De tempo em tempo, partiam para as quatro pistas e faziam rápidas interrupções. “E Lula na cadeia já, e Dilma junto”, gritava a advogada Liliane Bechstedt, portando uma bandeira do Brasil. O trio que se conheceu no protesto – Nair Silva (administradora), Marlene Caminatti (auditora estadual aposentada) e Rosana Therezinha Rodrigues (administradora) – avisa que vai ficar na rua até o desfecho que os movimentos críticos ao governo buscam. “Vamos ficar nas ruas até esse governo que não nos representa cair”, apontou Nair.
Na avenida, as lideranças do Movimento Brasil Livre (MBL) e Banda Louca, que organizam e puxam as palavras e hino de guerra, decidiram manter a mobilização em frente a PF. Rafael Albani, da Banda Louca, explicou que a concentração em frente ao órgão policial serve para apoiar as ações de investigação. “O PT acabou. As gravações de Lula e Dilma são afronta à população brasileira”, resumiu Albany. A liderança disse que o movimento quer a saída de todos os ocupantes de cargos – presidente, Lula, da Casa Civil, presidente da Câmara e Senado. “Até o FHC está atrelado”, queixou-se o integrante da Banda Louca.
Paula Cassol, da coordenação do MBL no Estado, disse que não definição das próximas ações. Segundo Paula, o protesto que tomou as ruas em Porto Alegre, na noite desta quarta-feira (16), foi espontâneo. “As pessoas falaram em ir às ruas, foram sozinhas. Então, vai depender das pessoas”, afirmou a coordenadora do MBL, sobre mais movimentos. “A pressão sobre o Congresso Nacional nas rua vai aumentar”, avisou Paula.
Para a liderança, a nomeação de Lula “foi um golpe”. Paula disse que os movimentos querem a renúncia ou impedimento de Dilma, responsabilização de Lula. Sobre quem deve assumir o governo, a integrante do MBL diz que deve ser cumprida a Constituição Federal – com a sucessão com vice-presidente, se ele for afastado, com o presidente da Câmara. Em caso de novos afastamentos, Paula reforçou que se deve seguir o que está na CF.