MP investiga maus-tratos a gestantes em hospital de Capão da Canoa, RS
Pelo menos sete denúncias estão sendo apuradas em inquérito.
Hospital disse que segue determinações do Ministério da Saúde.
O Ministério Público investiga denúncias de maus-tratos a mulheres gestantes por médicos e funcionários do Hospital Santa Luzia, em Capão da Canoa, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.
Uma mulher, que preferiu não se identificar, conta que procurou a casa de saúde na noite em que sentia as contrações, mas o médico não quis fazer o parto. “Ele veio me atender já bem bravo. E me perguntou se eu não poderia ter ido mais cedo.”
Na manhã do dia seguinte ela voltou ao hospital e foi levada para uma sala de espera onde o bebê nasceu sem acompanhamento médico. “Eu não aguentei. Fiz a força e ela veio a nascer, só que na hora que eu vi ela, que ela ficou pretinha, pretinha. Eu pensei que minha filha ia morrer. (…) Eu não desejo pra ninguém o que eu passei dentro daquele hospital. Eu quase a perdi.”
Pelo menos outros seis casos de gestantes também estão sendo investigados pelo MP. Segundo a promotora Luziharin Carolina Tramontina, que já instaurou um inquérito civil público, os depoimentos revelam desrespeito e descumprimento de leis.
“Nenhuma vez tive direito a acompanhante e passei horas com medo e sozinha”, disse outra gestante. Uma terceira mulher relata o tratamento da equipe do local. “As enfermeiras diziam: na hora não doeu, não é?”
Prazo de seis meses
A promotora explica que o inquérito civil tem, a princípio, prazo de conclusão de seis meses. “Dentro desse prazo vai ser colocados mais dados, teremos reuniões inclusive com gestor público para procurar melhoria nessa questão do atendimento.”
Em nota, o Hospital Santa Luzia disse que segue todas as políticas de saúde pública e determinações do Ministério da Saúde. A direção informou ainda que não tem conhecimento sobre a instauração de inquérito civil, mas que está à disposição do Ministério Público para esclarecer qualquer informação.
Fonte: G1 RS