Marcelo Frusin gosta de personagens fortes. Um fumante compulsivo e arrogante que viu o inferno com os próprios olhos e enganou até o diabo – sim, faz bem o seu tipo. Ou então um homem procurado fugindo de seu passado violento junto com sua atormentada esposa no melhor estilo Bonnie & Clyde, em meio à selvageria do velho oeste em pleno fim da Guerra Civil americana. Mais forte que isso, só se envolver um famoso personagem de espírito animal e garras de adamantium cobertas de sangue.

Seja com John Constantine na lendária série Hellblazer, Wes Cutter no aclamado western Loveless ou o próprio Wolverine em um marcante especial, o certo é que Marcelo Frusin se sai muito bem quando o assunto é sangue, assombrações e pólvora – não necessariamente nessa ordem. Argentino nascido em Rosario, começou a trabalhar no mercado norte-americano para a Marvel em 1998, nos X-Men. Seu destino, porém, era a DC Comics, mais precisamente o selo Vertigo, onde se encaixou com perfeição.

No início dos anos 2000, ele assumiu a arte de Hellblazer ao lado do escritor Brian Azzarello, trazendo de volta a atmosfera confiante e traiçoeira dos seus primórdios. A combinação deu certo e fez com que Frusin se tornasse o artista regular do título por mais de cinco anos. A química entre os dois rendeu uma nova parceria, desta vez com a série de western Loveless – Terra sem lei, lançada também pela Vertigo em 2005. Com os roteiros afiados de Azzarello – já então consagrado por 100 Balas –, o título permitiu a Frusin explorar ainda mais suas técnicas e a surpreendente habilidade para retratar um cenário tão belo quanto desolador. Em 2007 ele fez uma rápida visita de volta ao universo mutante da Marvel no especial A canção de morte de J. Patrick Smitty, publicado no título Wolverine Annual.

Depois de fazer seu nome na América, o argentino levou seu trabalho ao outro lado do oceano, passando a publicar sofisticados álbuns pela editora francesa Dargaud. Em L’Expedition, junto com Richard Marazano, recriou com assustador detalhismo e intensidade a expedição dos romanos após a conquista do Egito, numa edição cheia de teor histórico, personagens heróicos e cenários espetaculares. Já em Légendes Urbaines, voltou ao estilo sombrio para desenhar lendas urbanas macabras ao lado de outros grandes artistas franceses.

É com toda essa incrível bagagem que Marcelo Frusin vem a Porto Alegre para participar da Multiverso ComicCON 2013. No sábado, a partir das 17h, ele sobe ao palco principal junto com Daniel HDR e Jheremy Raapack para falar sobre sua fase na DC Comics. No domingo, às 13h30, ele é destaque no palco Soda Geek em uma entrevista sobre sua carreira e seus projetos futuros. Oportunidade única para quem já é fã ou quer conhecer melhor o trabalho desse artista com sangue argentino, mas dom para fazer quadrinhos em qualquer lugar do mundo.

Marina de Campos

Assessora de Imprensa da Multiverso ComicCON

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