Submarino do Titanic: destroços foram achados em área de buscas, diz Guarda Costeira dos EUA
A Guarda Costeira dos Estados Unidos anunciou ter encontrado um “campo de destroços” próximo ao local do naufrágio do Titanic.
O órgão anunciou uma coletiva de imprensa para as 17h, no horário de Brasília, para dar mais detalhes.
O contra-almirante John Mauger, comandante do primeiro distrito da guarda costeira, e o capitão Jamie Frederick, coordenador de resposta do primeiro distrito da guarda costeira, falarão durante a entrevista a jornalistas.
O Titan tem cinco pessoas a bordo e faz parte da empresa OceanGate, que oferece tours submarinos para visitar os destroços do Titanic, que naufragou em 1912.
Jonathan Amos, correspondente de Ciência da BBC News, afirmou que é difícil entender se esse anúncio tratá uma grande novidade sobre o caso, mas faz a ressalva de que a Guarda Costeira fez poucos anúncios do tipo nos últimos dias.
“A Guarda Costeira dos EUA não postou muitos tuítes nos últimos dias, então pode ser significativo. Falando com especialistas esta semana, muitos temiam que o Titan pudesse ter sofrido uma implosão catastrófica como resultado de uma falha no casco. Tal cenário poderia explicar os destroços. Mas, novamente, pode acabar não sendo nada”, afirma.
Ele disse que o fundo do mar ao redor do naufrágio do Titanic está repleto de todos os tipos de detritos, principalmente do próprio grande navio, e que o submarino pode continuar desaparecido.
Na terça-feira (20), às 13h na costa leste dos EUA (14h em Brasília), a Guarda Costeira dos Estados Unidos estimou que restavam cerca de 40 horas de suprimento de oxigênio no submarino. Dessa maneira, o oxigênio a bordo do submersível Titan, que desapareceu no domingo (18/06), se esgotaria na manhã desta quinta-feira (22/6).
Um empresário que já participou de uma viagem no submarino Titan até o local de naufrágio do Titanic acha que as pessoas a bordo conseguirão maximizar seu suprimento de oxigênio, podendo fazer ele durar mais do que apenas a manhã desta quinta-feira.
Equipes de resgate disseram que precisam permanecer “otimistas e esperançosos”. Dez navios extras e vários submarinos se juntarão à busca nesta quinta-feira, mais do que dobrando o número de embarcações que trabalham na operação.
Mas o capitão Jamie Frederick, que lidera as buscas, disse: “Não sabemos onde eles estão, para ser franco com você”.
A área de buscas se expandiu depois que equipes de resgate detectaram sons na terça e quarta-feira. A área da região das buscas é o dobro do tamanho do Estado de Sergipe e está a 4 km de profundidade.
Não está claro o que são esses ruídos e sequer se eles foram emitidos pelo submarino.
O ex-comandante do submarino nuclear da Marinha dos EUA, David Marquet, alerta que os sons podem não estar vindo do Titan, e sim das próprias embarcações que fazem as buscas.
“Não acho que o barulho seja deles, podem ser apenas sons naturais. Estamos ouvindo barulhos quando mais navios estão entrando na área, e não acho que isso seja coincidência”, disse ele à BBC.
Mas para outros, os ruídos podem ser bons sinais.
Notícias de que ruídos foram captados na busca por um submersível desaparecido ofereceram um vislumbre de esperança de que os cinco homens a bordo estejam vivos.
Frank Owen, do Submarine Institute of Australia, diz estar confiante — com base nas informações disponíveis — que os sons estão vindo de dentro da embarcação.
“Se houve um intervalo de 30 minutos, é muito improvável que seja algo não humano”, disse ele à BBC.
Frank diz que os ruídos podem ser ideia de Paul-Henry Nargeolet, de 77 anos, ex-mergulhador da marinha francesa e renomado explorador, que é um dos tripulantes do Titan.
“Ele deve conhecer o protocolo para tentar alertar as forças de busca… na hora e na meia hora, você bate com tudo por três minutos”, acrescentou Frank.
Duas pessoas que estão no Titan — Paul-Henry Nargeolet e Hamish Harding — são membros do Explorers Club, uma organização internacional centenária envolvida em explorações científicas.
“Há boas razões para esperança, e estamos tornando isso mais esperançoso”, escreveu na internet o presidente da entidade, Richard Garriott.
O explorador marítimo David Gallo acredita que seria necessário um milagre para resgatar os tripulantes com vida, mas ele continua otimista.
Ele disse à rede britânica ITV que os ruídos vindos de debaixo d’água são “críveis e repetíveis”, o que significa que as equipes precisam assumir que estão vindo do submersível e agir rapidamente para localizá-lo.
“Temos que, neste ponto, assumir que é o submarino e nos mover rapidamente para esse local, localizá-lo e colocar robôs lá para verificar se é mesmo onde o submarino está”, disse ele.
“Eles precisam estar completamente prontos como se fosse o submarino, porque, para localizá-lo e levá-lo à superfície, leva horas.”
O capitão Marquet acredita que as chances de sobrevivência dos que estão a bordo são baixas, mas aumentaram um pouco, porque os equipamentos necessários para puxar o Titan do fundo do mar estão a caminho da área.
O Flyaway Deep Ocean Salvage System (FADOSS) é usado pela Marinha dos EUA. Normalmente, o FADOSS é usado para recuperar objetos grandes e pesados que afundaram, como aeronaves e pequenas embarcações.
O FADOSS é forte o suficiente para levantar 27 toneladas e pode descer a até 6 mil metros no mar.
O esforço de resgate mais profundo registrado com um FADOSS é de 6 mil metros. Os destroços do naufrágio do Titanic estão a uma profundidade de 3,8 mil metros.
Um veículo operado remotamente (ROV) da empresa britânica Magellan está sendo carregado em um avião C17 no aeroporto de Jersey.
O submarino da Magellan, chamado Juliet, escaneou recentemente os destroços do Titanic, produzindo uma visão 3D de todo o navio.
Ele levaria cerca de 48 horas para chegar ao local.
O Juliet poderá mergulhar em toda a profundidade do local, e a equipe tem um conhecimento detalhado da área do mar profundo, tendo estado lá recentemente.
O submarino estava disponível desde o início da semana, mas foi retido por questões burocráticas.
O Polar Prince — o navio de pesquisa de onde o Titan foi lançado — continua sendo o centro de comando para a busca, localizado perto do local do naufrágio do Titanic.
Veículos controlados remotamente equipados com câmeras farão a varredura das profundezas do fundo do mar ao longo do dia.